DISCLAIMER: o texto foi adaptado para este post. Todos os créditos para os autores originais.
Estas e outras questões sobre intelectuais e a sociedade permeiam a cabeça de algumas pessoas no Brasil. Foi essa pergunta (do título) que Bertrand de Jouvenel (1903–1987) fez a si próprio em seu artigo Os intelectuais europeus e o capitalismo.
Esta postura, na realidade, sempre foi uma constante ao longo da história. Desde a Grécia antiga, os intelectuais mais distintos — começando por Sócrates, passando por Platão e incluindo o próprio Aristóteles — viam com receio e desconfiança tudo o que envolvia atividades mercantis, empresariais, artesanais ou comerciais.
A fé cega na crença impede que alguém veja o socialista como ele é. Em vez disso, aqueles acometidos por tal colapso cognitivo visualizam o socialista como ele diz ser. Como resultado trágico, essas pessoas não praticam a real crítica política, mas apenas conselhos de pai.
Huerta de Soto cita o artigo Os intelectuais europeus e o capitalismo, de Jouvenel, o qual cita três motivos para que os intelectuais rejeitassem o capitalismo (e amassem o socialismo). São eles:
- O desconhecimento: significa o desconhecimento teórico de como funcionam os processos de mercado.
- Soberba: a pessoa genuinamente acreditaria ser mais culto (a) que os demais por causa de seu intelecto e conhecimento.
- Ressentimento e inveja: por ser um intelectual e ter pouco valor de mercado no processo produtivo, ele ficaria ressentido e com inveja dos outros.
Obviamente, os três motivos são ingênuos até dizer chega e nem um pouco amparados na realidade. Para piorar, ignoram o “único” motivo “real” para que muitos intelectuais adorem o socialismo: o ganho financeiro.
Uma vez que um intelectual defenda o socialismo, ele será “protegido por uma elite” que mama nas tetas do estado para que continue utilizando seu poder de arena no intuito de fazer a propaganda em favor do inchamento do estado. É uma troca “indecente”.
Pense nos três casos clássicos da atualidade no Brasil: Leandro Karnal, Mario Sergio Cortella e Clovis de Barros Filho. Os três tem ideias mais próximas, em seus artigos, ao marxismo, tendo o segundo inclusive participado de eventos do PT. O fazem claramente como um investimento financeiro. Em troca de suas propagandas “disfarçadas”, ou não, de conteúdo intelectual, são “beneficiados” com apoios, palestras, indicações, etc.
Em suma: o ciclo se retroalimenta. É como no caso de Pablo Escobar. Quem assistiu a série Narcos irá se lembrar de uma jornalista que apoiava o narcotraficante. Ela não fazia isso “por amor”, mas pelas vantagens que obtinha de seu relacionamento. A grana não faltava ali. Nem para ela e nem para vários apoiadores.
Se abandonarmos a fé cega na crença, deixamos de levar a sério o apontamento de motivações caridosas e até mesmo “infantis” conforme aquelas sugeridas por Bertrand de Jouvenel (a depender de quem olha). Os intelectuais conhecem o socialismo e o escolhem porque ele gera o ganho financeiro que esperam obter à custas de terceiros. Não há soberba alguma, mas um jogo muito bem jogado por quem precisa dos benefícios financeiros de um “intelectual propagandista”. Não há nenhum motivo para que tenham ressentimento ou inveja, pois os intelectuais marxistas são muito bem remunerados por seus serviços. Fazer propaganda em favor do totalitarismo não é diferente de fazer propaganda em favor de Pablo Escobar na Colômbia dos tempos do Cartel de Medelin.
Os intelectuais que amam o socialismo simplesmente fazem um investimento financeiro. Imoral até a medula, é claro. Mas não deixa de ser um investimento pragmático. Tomá-los como coitadinhos vítimas do “desconhecimento”, da “soberba” ou até do “ressentimento e da inveja” é adotar uma visão compassiva e tola do oponente.
Às vezes fico imaginando se Bertrand de Jouvenel ou Jesus Huerta de Soto conseguiriam se safar da fraude da venda de um falso cartão da Loto premiado. Se usássemos o modelo mental da fé cega na crença, após comprar o falso cartão premiado — que não estaria premiado, é claro -, não iríamos denunciar o picareta à polícia. Ao contrário, buscaríamos encontrar os motivos pelos quais o vendedor do cartão falso foi tão “iludido” ou “desconhecedor dos fatos” ou até “acometido pela soberba” de não ter conseguido transformar o comprador do bilhete em um milionário.
Segundo Bertrand de Jouvenel:
O mundo dos negócios é, para o intelectual, um mundo de valores falsos, de motivações vis, de recompensas injustas e mal direcionadas . . . para ele, o prejuízo é resultado natural da dedicação a algo superior, algo que deve ser feito, ao passo que o lucro representa apenas uma submissão às opiniões das massas.
[…]
Enquanto o homem de negócios tem de dizer que “O cliente sempre tem razão”, nenhum intelectual aceita este modo de pensar.
Prossegue:
Dentre todos os bens que são vendidos em busca do lucro, quantos podemos definir resolutamente como sendo prejudiciais? Por acaso não são muito mais numerosas as ideias prejudiciais que nós, intelectuais, defendemos e avançamos?
Ex-agente da KGB explica como os intelectuais adentraram no governo soviético.
Yuri Bezmenov diz que esse processo de aliança entre “intelectuais/artistas” e governos de esquerda, começaram na União Soviética de forma proposital, com a intenção de manipular a sociedade e principalmente os opositores ao governo. Ele foi jornalista da RIA Novosti e ex informante da PGU-KGB, que desertou para o Canadá.
Após assumir funções na Índia, Bezmenov passou a admirar o povo indiano e sua cultura. Ao mesmo tempo, começou a ressentir-se com a opressão da KGB contra intelectuais que discordavam das políticas de Moscou, decidindo desertar para o Ocidente. É lembrado por suas palestras e livros anticomunistas e pró EUA da década de 1980.
Em 1965, foi chamado a Moscou e começou a trabalhar para a RIA Novosti como aprendiz no departamento confidencial de “publicações políticas” (GRPP). Logo descobriu que cerca de três quartos dos funcionários da RIA Novosti eram, na realidade, agentes da KGB, com o restante sendo “cooptados”, escritores que trabalhavam como freelancers para a KGB e informantes como ele próprio. No entanto, não escreveu nada real. Em vez disso, editou e plantou materiais de propaganda política nos meios de comunicação de outros países e acompanhou delegações estrangeiras de convidados da RIA Novosti a passeios e conferências realizadas na União Soviética.
Em geral, estas delegações eram formadas por jornalistas, intelectuais e professores universitários que a URSS desejava usar como agentes de influência e divulgadores sua propaganda ideológica. Nestes passeios uma de suas funções era distrair a atenção dos visitantes impedindo-os de perceber a realidade do país. Um dos meios usados para conseguir isto era levar os visitantes a ingerirem bebidas alcoólicas em excesso. Outra forma era conduzi-los a visitas previamente encenadas a locais “maquiados” para parecerem aceitáveis pelos padrões ocidentais (creches, escolas, etc). Definiu a doutrinação política pela qual estas pessoas passavam como “lavagem cerebral”. Cunhou o slogan “Idiota útil”, termo pejorativo usado para descrever simpatizantes soviéticos em países ocidentais.
Depois de vários meses, foi forçado a ser um informante, mantendo seu posto na RIA Novosti. Seu trabalho como jornalista no exterior era reunir informação e disseminar contrainformação para propósitos de propaganda e subversão.
Para saber mais, o ex-agente da KGB explicita o processo de desinformação e a Teoria da Subversão:
Fontes:
Site Ceticismo Político | https://ceticismopolitico.com/2016/11/04/por-que-alguns-intelectuais-realmente-amam-o-socialismo/ |Consultado em 16/07/2017 (em português)
Site Instituto Mises Brasil | http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1487 | Consultado em 16/07/2017 (Artigo original de Jesus Huerta, traduzido para o português)
Site Britannica | “The-Opium-of-the-Intellectuals”». britannica.com (em inglês). | Consultado em 15/07/2017
Youtube | “Yuri Bezmenov — Teoria da Subversão” vídeo disponível acima:[em inglês, legendado em português] | Consultado em 16/07/2017
Arquivo da World Information Network (WIN) | “Yuri Bezmenov Good News” (em inglês) | Consultado em 21/07/2017